terça-feira, 8 de maio de 2007

BEETHOVEN, Ludwig van - Concerto para Piano nº 2, op.19, em si bemol maior

O Concerto para Piano em si bemol maior foi concluído em 1788. Apesar disso, Beethoven burilou este concerto incansavelmente até chegar a uma forma final, que lhe pareceu satisfatória, apenas em 1801, razão pela qual a obra acabou levando o número 2 na seqüência dos concertos para piano (a edição final do Concerto nº 1 é de 1795). Durante este período, Beethoven ainda encontrava-se em Bonn, sob a tutela do pai, e estudando composição com Christian Gottlob Neefe, organista da côrte. Apesar da notoriedade posterior que lhe seria reputada como compositor, estes anos mostram Beethoven se distinguindo como pianista virtuose. O Concerto para Piano nº 2 foi escrito, conseqüentemente, com um enfoque bastante voltado para exploração do brilho de execução. Inegavelmente, é um concerto composto nos moldes do classicismo oitocentista: a orquestração é rarefeita; há uma cisão bem clara entre a parte solista e os tutti orquestrais - que viria a ser esfacelada no Concerto nº 3 -, e, por fim, uma forma de encadeamento e inter-relação temática entre os movimentos pouco ousada. Beethoven ainda buscava as rédeas da forma, com a qual, cumulativamente, vai implementando o discurso sonoro elaborado que caracterizaria sua produção futura. Um indicativo desse engaste minucioso de composição está no fato de que a data de publicação da edição final, revista, deste Concerto nº 2 é bem posterior: 1801. O resultado, entretanto, foi considerado insatisfatório pelo compositor. Em 1795, período em que ainda revisava o Concerto nº 2, Beethoven veio a ter aulas com Haydn. O aclamado compositor vienense traçou um perfil de Beethoven com precisão inacreditável: “Você tem talento, e irá longe. Possui uma grande inspiração e nunca sacrificará um belo pensamento a uma regra tirânica, coisa que me parece razoável; mas sacrificará as regras à sua fantasia, pois parece-me que é um homem que tem várias cabeças, vários corações, várias almas. Creio que se descobrirá sempre nas suas obras qualquer coisa de inesperado, insólito e sombrio...” Este vaticínio encontra sua verdade exemplificada na própria história e forma interna deste Concerto nº 2, resultado relativamente mal-sucedido de uma experiência inicial, humana, e como tal, oscilante. Eddynio Rossetto

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, é muitíssimo bom o seu blogue. Melhor ainda por ser em língua portuguesa! Vou ler com atenção todos os seus escritos.

Sobre o Concerto Nº2, curiosamente, é o Concerto para Piano que eu mais escuto. Lógico que ele está abaixo dos concertos posteriores de Beethoven, mas me encanta sua simplicidade, sua alegria jovial, a profundeza do movimento central. Considero-a uma obra perfeita em toda a sua simplicidade.

A gravação deste concerto que eu mais admiro é a gravação de Pollini/Jochum, com a orquestra filarmônica de Viena.

IvanRicardo